sábado, 4 de abril de 2009

Se as portas se abrissem…!


Nas ruas reparo no frenesim de uma Páscoa que se avizinha, no concerto e desconcerto de ideias e votos de piedade e atitudes de respeito humano.
Olho em volta e sinto que no meio desta miscelânea, há um rasgo na dimensão humana, profundo e grandioso, de uma presença que nos arrebate para o “eu” e de toda a nossa existência.
Sentem-se as pegadas do “Mestre”, isto porque, as pedras falam e segredam entre elas que acima delas passa um Homem que traz consigo a paz e a vida.
Não tenho forças, para abrir as portas de Jerusalém, estão pesadas, será da madeira, dos fechos ou das dobradiças de ferro? Não, é do pecado do mundo, do mal que existe em nós, das guerras e da indiferença e do hedonismo e sensualismo desenfreado.
Alguém está batendo à porta! Tenho medo, receio, não posso deixar habitar em mim a cobardia e a hipocrisia, sei que é Ele…
Insisti, e continua a bater, a bater ainda mais forte e eis que de repente no gesto de abandono e confiança, abro as portas e não vejo, porque a Luz me encandeia, olhando firme e sereno, começo a ver com olhos da cara, com a mente, com o coração e com os olhos da alma, vejo a vida, vejo o caminho e a verdade que penetra a minha história e a renova em todas as suas veredas e frestas.
Como as crianças de Jerusalém também eu quero dizer-Te, Hossana, Hossana Ó Filho de David, Bendito O que vem em Nome do Senhor, Bendito sejas Tu porque mais do que ser Rei, Te apresentastes humilde, simples e servo de todos. Deus seja louvado por ti meu irmão, por ti minha irmã! Deixa Deus entrar em tua própria vida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Rumo ao Infinito


Lembro-me de um dia, passar de carro junto a um charco, onde um pássaro teimosamente e obstinadamente lutava contra o seu possível fim ou afogamento, parei para ver o que iria acontecer, reparei que as suas asas estavam pejadas de lama, não lhe deixando muitas possibilidades de lutar contra a morte.
Não aguentei, e com a ajuda de um pau trouxe-o para a água, acreditando que ele fosse capaz de lavar-se da lama e livra-se daquele peso que o prendia à morte.
Fiquei atento, e não é que o pobre animal aflito, assim o fez, depois de lavar-se e de se livrar da lama, sacudiu energeticamente e com gestos ininterruptos e um chilrear frenético, até sentir que as suas asas estavam prontas e livres, olhou em volta, ficou quieto como se estivesse aquecer o motor das suas asas e num ápice voou rumo ao infinito, à sua felicidade, à alegria de olhar o universo e nele se fundir.
Que esta Quaresma seja para nós, a imitação obstinada do pássaro que se livrou da lama e nós do pecado e a Páscoa a alegria de voar até Deus para n’Ele nos fundirmos, no Amor.
Uma Santa Páscoa de 2009. Cristo Ressuscitou, Aleluia!

A Esperança desejada...!


Num tempo de crise como este, à escala global, somos assolados por imensas notícias, que nos levam a interrogarmo-nos sobre a nossa vida e de tudo aquilo que existe à nossa volta.

Aquilo que a história nos narra e a experiência dos anciãos do nosso tempo, é que, nas dificuldades, o Homem define-se e revela-se na sua grandeza ou na sua miséria, como pessoa e criatura de Deus.

Penso que, se os problemas são grandes e as dificuldades imensas, devemos olhar para nós e perceber que somos herdeiros de uma vida que não se esgosta no dinheiro ou nos bens materiais, mas tem como referência tudo aquilo que nos foi dado como um dom: a esperança, a fé e o amor!

Partilho algumas frases de grande sabedoria que nos podem levar a serenar o nosso mar, para ver a beleza que está por detrás dessas ondas medonhas e que por vezes nos fazem recuar na vida.

Sê forte e feliz e conta com Ele, Jesus, o Filho de Deus.


A esperança adquire-se. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora.(Georges Bernanos)

Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.(Provérbio chinês)

O Que Plantar!


Aquele fora um dia diferente... A tarde caía rápida e fria e o vento na folhagem amarelada anunciava que a chegada do inverno estava próxima. Marcos, era um garoto de dez anos e se acostumara às alegrias descontraídas de sua pequena família, composta pelos pais e uma irmã mais nova que com ele compartilhava as brincadeiras infantis. Mas a vida nem sempre nos reserva surpresas agradáveis. Era isso que Marcos descobrira naquele dia em que contemplava o corpo do pai, a quem tanto amava, estendido num caixão sobre a mesa. Todos enxugavam o pranto, mas ele tinha nos olhos grossas lágrimas que se recusavam a cair. Nunca tinha experimentado um sentimento igual. Era como se algo dentro do seu coraçãozinho tivesse se partido em mil pedaços. O enterro foi consumado... A vida deveria seguir seu curso, mas em seu lar faltava alguém. Faltava a figura respeitável do pai amado. Sobrava um lugar à mesa. Sobrava o pedaço de frango predilecto do papá. O pudim demorava-se no frigorífico. E Marcos pensava em como suportaria tanta amargura e saudade. No entanto, de volta às aulas, às brincadeiras com a irmã, aos piqueniques, às tardes no parque, trouxeram novo alento ao seu coração juvenil. Um dia, a visita de uma amiga da família trouxe de volta as lembranças tristes. A mãe falava da falta que sentia do marido. Dizia que a saudade lhe acompanhava de perto e que era difícil a vida depois que o marido morrera. E Marcos que, não muito longe escutava a conversa das amigas, aproximou-se e disse com a segurança de quem tem certeza: - Mamã, disse-me que o papá morreu, mas eu asseguro que isso não é verdade. A mãe olhou-o com ternura e desejando consolá-lo, disse:
- Sim filho, o papá vive além da cortina que nos separa dele momentaneamente. - Não, mamã!
O papá vive e viverá para sempre.- Ele vive em mim através de tudo o que me ensinou...
- Quando sou obediente, eu sinto-o em minha intimidade porque foi ele quem ensinou-me a obedecer.
- Quando sou honesto, lembro-me das muitas vezes que ele enalteceu a honestidade. - Quando perdoo os meus amigos, quase o ouço dizer: "filho, quem perdoa não adoece porque não guarda o lixo da mágoa na intimidade".
- Quando sinto que a inveja deseja instalar-se na minha alma, lembro-me de ter ouvido de seus lábios: "a inveja é um ácido corrosivo que prejudica quem a alimenta." - E quando, por fim, meu coração se enche de saudade e penso que não mais a suportarei, uma suave brisa trespassa o meu ser e ouço a sua voz falando baixinho: "filho, eu estou ao teu lado, não duvides".
- E é assim, mãezinha, que eu sei que papá não morreu. Sinto que ele continua vivo, não somente atrás da cortina que temporariamente nos separa, mas também através da herança de amor que legou a todos nós. Quem deseja plantar apenas por alguns dias, planta flores... Quem deseja plantar para alguns anos ou séculos, planta árvores. Mas quem quer plantar para a eternidade, planta ideias nobres nos corações daqueles a quem ama.

terça-feira, 31 de março de 2009

EDUCAR PARA OS VALORES...



EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA CATÓLICA

No mundo hodierno onde pulsa a força duma juventude ávida e sedenta de novas experiências, aventuras e desafios, onde a incapacidade de filtrar o que é bom ou mau para a sã estrutura e edificante do ser humano, os valores perderam o sentido nobre e construtor nas vidas das pessoas individualmente, da sociedade e da família.
Cabe-nos a nós adultos bem formados, homens e mulheres já feitos, de transmitir esses valores que requerem modelos de identificação, ou seja, de sermos fiéis condutores de valores que promovam e dignifiquem o Homem.
Porque como diz L. Raths: «Por que não lançar-se à tarefa de ajudar a criança a tomar toda a confusão que já existe na sua mente, retirá-la daí, olhá-la, examiná-la, dar-lhe algumas voltas e pô-la em ordem? Por que não podem os educadores aprender a destinar parte do seu tempo a ajudar as crianças a compreender a desconcertante variedade de crenças e atitudes que saturam a nossa vida moderna e decidir quais lhe parecem a eles que convém? Não é este o caminho que conduz aos valores, a valores claros e pessoais?»
Porque educar é desenvolver o sentido da responsabilidade pessoal e formar para a cidadania. É receber os conhecimentos (a memória) de uma comunidade, interpretar o quotidiano e projectar o futuro pessoal e social. Tudo isto acontece não de uma forma neutra, mas inserido numa tradição viva de valores que confira identidade própria a qualquer projecto educativo.
A disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica não tem em vista uma catequese, mas uma formação humana e racional de espírito crítico em ordem aos valores tendo em conta o Homem todo, na sua dimensão afectiva cognitiva, moral, e comportamental que são trespassados pelo Evangelho de Jesus Cristo do qual a Igreja Católica é fiel depositária de o defender e transmitir o todas as gerações. Temos assistido com muita serenidade a uma certa tentiva de afastamento ou de retirar do currículo esta disciplina, mas cabe a todos nós quer sejamos católicos e em especial estes, quer a todos que anonimamente o não o são, mas defendem os valores universais de salvaguardar o Homem e a sua identidade.
Uma educação para os Valores leva os nossos jovens a crescer em ordem uma maior autonomia, a uma maior capacidade de relação educativa e interpessoal, interagindo com tudo e com todas as coisas sem lhe parecerem maléficas e fraudulentas em primeira instância.
Não quero estar e nem estou a definir o conceito de valor, mas simplesmente a alertar para esta realidade e o contributo desta disciplina no currículo dos vossos educandos, urge a necessidade de educar-mos os nossos filhos para valores como, por exemplo, a Família e a sua vocação na sociedade, porque também são céleres as forças que tentam em sentido contrário não digo intencionalmente, mas em nome de um progresso que não tem em vista a felicidade do Homem total, mas o interesse economicista.
Todos nós queremos, que os nossos educandos cresçam em estatura e intelectualmente, mas é importante transmitir o saber, a experiência de uma civilização que mais do que nunca se quer neste mundo: uma civilização do amor.
A sabedoria de um Homem não passa só pelo intelecto, mas pelos gestos de humanização que ele é capaz de realizar, e é aí, que facto transparecem valores que fazem de um determinado indivíduo um HOMEM.